No Mês da Mulher, Câmara recebe a exposição “Translação da Identidade Feminina”

por Imprensa publicado 07/10/2024 09h00, última modificação 07/10/2024 10h41
Direitos da população trans
No Mês da Mulher, Câmara recebe a exposição “Translação da Identidade Feminina”

O material foi produzido pela fotógrafa Michelle Veloso e contempla a diversidade feminina, com informações relevantes sobre garantia dos direitos da população trans

Até 31 de março, dentro das ações do Mês da Mulher, a Câmara de Poços recebe a exposição Translação da Identidade Feminina. O material foi produzido pela fotógrafa Michelle Veloso e contempla a diversidade feminina, com informações relevantes sobre garantia dos direitos da população trans e sobre os serviços do Ambulatório Translação. A exposição atende a um Requerimento da vereadora Luzia Martins (PDT), assinado também pelos vereadores Douglas Dofu (União Brasil) e Flávio Togni de Lima e Silva (PSDB),

A abertura aconteceu na última terça-feira (21), com a presença dos vereadores proponentes, do vereador Claudiney Marques (PSDB) e do secretário de Cultura Gustavo Dutra. O assistente social Gabriel Silva Alves e o psicólogo Bruno Marcelo Ribeiro Mariano, profissionais que atuam no Ambulatório Translação, também participaram do encontro.

O Centro de Referência em Cuidados Transespecíficos – Ambulatório Translação começou suas atividades no mês de fevereiro de 2022, depois de muitas queixas a respeito do atendimento em saúde das pessoas trans no município. Hoje, de acordo com informações da Prefeitura, o Ambulatório Trans conta com uma equipe multidisciplinar composta por psicólogo, assistente social, médico, educador físico, enfermeiro e nutricionista. A implantação é um avanço no que diz respeito ao atendimento de pessoas transexuais, uma vez que o tratamento adequado reflete diretamente na qualidade de vida desse público.

Segundo Luzia Martins, essa parcela da população precisa ter visibilidade. “Pensando no mês de março, que é o mês em que evidenciamos as mulheres, tivemos a ideia de inserir na programação alusiva ao tema a diversidade feminina. Apesar de ser um tema relativamente novo nas esferas públicas, a população trans necessita ser evidenciada, ouvida e respeitada em todos os lugares. Para que possamos construir políticas públicas que garantam seus direitos, é de extrema importância e urgência que possamos falar e compreender sobre as especificidades e necessidades desta população. Em Poços de Caldas, já contamos com um equipamento que oferece o devido suporte e atendimento de saúde a este público. É necessário contar com profissionais qualificados e especializados no assunto para que o serviço contemple as demandas”, disse.

O psicólogo Bruno Mariano falou da importância em abordar o tema não só no mês de março, mas também durante todo o ano. “Acredito que o mês de março em si é extremamente importante para a gente, mais uma vez, relembrar uma luta das mulheres. A partir da oportunidade que a gente teve de apresentar um pouco do nosso trabalho, um pouco das pessoas que fazem com que nosso trabalho aconteça, é preciso mostrar o feminino que não foge à luta, que busca a recuperação de direitos. Essa exposição é das mulheres, das travestis, das pessoas de identidades femininas, é uma luta por garantia de direitos. A possibilidade de expor um pouco do trabalho do Ambulatório é expor uma parcela da população que tem bastante direito violado, direito básico, e para gente é muito especial e emocionante”, declarou.

Para Gabriel Silva Alves, assistente social, é fundamental que exista um olhar atento e cuidadoso para essas pessoas que têm demandas específicas. “Aqui é o espaço do fazer política, da construção e manutenção das políticas públicas. A população que a gente atende é, sem duvida, a que mais tem direitos violados. Uma população que necessita de um olhar atento do poder público para que tenha essa lacuna sanada. Não é apenas a questão de existir uma lei, as leis existem, mas precisam ser cumpridas. Quando pensamos na forma como são elaboradas e executadas, percebe-se que acaba ocorrendo um choque entre as próprias leis e também um choque cultural. Para mudar um pensamento de negação dessas pessoas, que hoje infelizmente existe, é preciso uma mudança de cultura, no modo de vida. Isso só acontece a partir das execuções políticas”, ressaltou.

Vice-presidente da Comissão de Direitos da Mulher da Câmara, o vereador Flavinho reforçou que o Ambulatório Trans é um importante serviço do município. “Hoje é uma realidade, fruto de uma sementinha que plantamos quando eu ainda era secretário municipal de Saúde. Um espaço essencial para acolher, assistir e atender as pessoas da nossa cidade, evitando deslocamentos e viagens para outros municípios, como era em um passado recente. Trazer a temática para a Câmara, no mês das mulheres, é cumprir com o papel do Poder Legislativo de ser a Casa do Povo, acolhendo e reconhecendo toda a pluralidade da nossa sociedade. Deixo um abraço carinhoso a toda equipe e pacientes do Ambulatório Trans, bem como minha gratidão por poder fazer parte desta realização na Câmara”, afirmou.

Nos últimos anos, a Câmara tem recebido exposições dos mais variados temas. Além de proporcionar o debate de diversas pautas, o uso do saguão incentiva a participação do cidadão nas atividades do Legislativo. “Uma prática que vem ganhando força e que traz a população para a Câmara. Essa exposição atual possui dois grandes intuitos, o primeiro é mostrar os desafios das mulheres trans, travestis e outras identidades do gênero feminino. A sociedade precisa saber pelo sofrimento e pela luta que essas mulheres passam. O segundo intuito é divulgar o trabalho do Ambulatório Translação, que não apenas cuida da saúde da população transgênero como também é especializado na garantia de direitos dessa população. Precisamos lembrar, por exemplo, da importância do nome social, pois é a forma pela qual uma pessoa se reconhece e quer ser reconhecida”, declarou o presidente Douglas Dofu.

A vereadora Luzia Martins lembrou da luta do psicólogo Celso Patelli, que faleceu em 2022, para a criação do Ambulatório Trans. “Sinto muito orgulho de meu colega e amigo Celso, que estudou durante muitos anos sobre este tema e não ficou somente na academia. Lutou pela garantia de direitos e juntamente com o Dr. Euclides conseguiram furar a bolha social e instalar políticas modernas que compõe o Centro de Referência em Cuidados Transespecíficos, que completa seu primeiro ano com muita evolução e uma equipe de primeira. Infelizmente, Celso partiu antes de presenciar tal consolidação de suas convicções, mas sem dúvida suas sementes potentes viraram muda e seguem crescendo. Parabenizo toda equipe e as mulheres trans que aqui estão em evidência, pela coragem de serem quem são e bancar tal decisão. É isso que grande parte das pessoas precisa para que possamos viver em um mundo menos agressivo, menos opressivo, menos preconceituoso”, destacou.

As visitas à exposição podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 09 às 18h, no saguão de entrada da Câmara de Poços.

 

 

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