Educação inclusiva é tema da abertura da Semana de Conscientização sobre Autismo
A palestra “Educação inclusiva em diferentes esferas” abriu a programação da Semana de Conscientização sobre o Autismo, realizada pelo Instituto A de Apoio e Orientação do Espectro Autista. O encontro aconteceu na Câmara de Poços, na última segunda-feira (01), e contou com a participação dos professores Sílvia Ester Orrú e Daniel Carmo.
No início do encontro, o presidente do Legislativo, vereador Carlos Roberto de Oliveira Costa (PSC), e o vereador Gustavo Bonafé (PSDB), autor do requerimento que solicitou a realização das palestras na Câmara, destacaram algumas iniciativas da Casa que tratam do tema Autismo. Os parlamentares citaram as leis municipais, aprovadas nos dois últimos anos que estabelecem ações para despertar a atenção para o Transtorno do Especto Autista.
Pedagoga, com especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional, mestre e doutora em Educação, a professora Sílvia Orrú abordou a questão da conscientização de uma formação humana a partir da educação. “A educação não pode ser limitada ao ensino, à alfabetização, por métodos conservadores, ou ao ensino apenas no contexto da universidade para formar um determinado profissional. A educação precisa ser vista como algo que nos humaniza, e a educação na perspectiva inclusiva tira, justamente, o autismo dessa condição de ser universalizado como uma síndrome, um conjunto de sintomas”, disse.
Segundo Sílvia, é preciso compartilhar a educação como visão ampla, que acolhe e que luta. “[Educação] que instiga o movimento social, especificamente para as escolas, para as universidades, cutucando também o poder público, os gestores de escolas, os professores e pais de que é possível flexibilizarmos as metodologias de ensino, potencializarmos os eixos de interesse, os hiperfocos, as vocações das pessoas com autismo, para que elas possam aprender a se desenvolver cada vez mais na sociedade. Nossa contribuição é essa, tirar o autismo dessa situação de invisibilidade na mídia, na sociedade e na comunidade como ainda é hoje. O autismo está sendo muito falado, mas falado ainda como um conjunto de sintomas”, enfatizou.
Daniel Carmo, professor de Educação Física com especialização em esportes adaptados para pessoas com deficiência, falou sobre a inclusão através do esporte e da atividade física. “A minha abordagem é uma outra forma de viabilizar a pessoa com autismo. É utilizar o esporte como ferramenta de desenvolvimento motor cognitivo, emocional e inclusão. De que forma o profissional pode buscar esse aluno, criança, adolescente ou adulto com autismo, seja ele moderado, severo ou leve, para inclusão através do esporte e da atividade física. Batemos muito nessa tecla da viabilidade de estimular o potencial o máximo desse indivíduo e também viabilizar a forma de capacitação profissional junto com todas as vias públicas e privadas”, ressaltou.
A vice-presidente do Instituto A de Apoio e Orientação do Espectro Autista, Camila Nogueira, falou sobre a realização das atividades neste ano. “A semana foi idealizada para trazer informação à sociedade em geral. A nossa intenção é incluir o autista na sociedade como um ser agente da sociedade. Que essa sociedade aprenda a acolher a pessoa com autismo, a sua família, e que eles tenham seus direitos garantidos. Então, achamos importante trazer bons profissionais para falarem, aproveitando a semana do dia 02 de abril, quando é celebrado o Dia Mundial do Autismo”, contou.
Sobre os avanços nessa área, Camila pontuou que eles têm acontecido, mas que muito ainda precisa ser trabalhado. “Acredito que estamos caminhando, mas na área da saúde a gente tem muito ainda para trabalhar. Temos dificuldades, por exemplo, quando uma criança com autismo chega em uma unidade de atendimento. Não são todos os enfermeiros que sabem lidar com crianças que têm dificuldade de toque. A gente tem dificuldade ainda nas escolas, a questão das cuidadoras, que estamos trabalhando nisso. Tem existido sim um diálogo muito legal com a Secretaria, mas falta trabalhar isso, seria interessante que as meninas fossem mais habilitadas com os autistas em geral. E também por parte da sociedade, muitas vezes você vê uma criança gritando, se jogando, se mordendo, e as pessoas não entendem aquela reação. Quanto mais você disser que é uma criança autista, isso uma hora vai virar uma coisa tão comum para a sociedade que não vai haver mais aquele olhar discriminativo. As pessoas não vão ter mais medo de convidar para festa, não vão olhar torto quando você estiver em um restaurante. Essa é a intenção”, afirmou.
A programação completa da Semana de Conscientização sobre o Autismo está disponível no Portal da Câmara e na página do Legislativo no Facebook. Outras informações pelos telefones 3729-3877/3818.