Câmara discute novas tecnologias na educação básica
Atendendo a um requerimento do vereador Antônio Carlos Pereira (DEM), a Câmara de Poços realizou uma audiência pública para discutir o tema “Alfabetização Funcional Inclusiva e Digital: sociedade civil e administração pública em prol de novas tecnologias educacionais para a educação básica”. O evento aconteceu na última quarta-feira (08) e contou com a presença de profissionais da área da Educação, psicólogos, alunos e comunidade em geral.
Participaram do debate a secretária municipal de Educação Flávia Vivaldi, a secretária municipal de Promoção Social Luzia Teixeira Martins, a psicóloga e professora Dra. Luiza Helena Leite Ribeiro do Valle, o presidente do Instituto Ágape 365 Aldrey Santos, a contadora e membro da diretoria do Instituto Ágape Luceleni Alexandre e a professora Dra. Ana Aragão. Durante a audiência, foram abordadas questões referentes à necessidade de aprimoramento e evolução na Educação Básica para um caminho de aprendizagem democrática, com oportunidades iguais para todos e utilização de tecnologias educacionais digitais.
A professora Dra. Luiza Helena Ribeiro do Valle pontuou questões referentes à qualidade na educação e aos níveis de leitura no Brasil. Segundo dados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), uma avaliação internacional que mede o nível educacional de jovens de 15 anos por meio de provas de Leitura, Matemática e Ciências, o Brasil ficou na 59ª posição em leitura em uma prova feita em 70 países. Ainda de acordo com dados apresentados pela professora, o Brasil tem 54,73% de alunos acima dos oito anos com nível baixo de leitura, um de cada cinco crianças de oito anos não consegue ler uma frase inteira e sete de cada 10 alunos do ensino médio têm nível insuficiente em Português.
Além de falar sobre a necessidade de uma alfabetização funcional, onde alfabetizar não seja apenas reunir as letras, Luiza Helena apresentou o projeto Revolução das Letras, que tem como objetivo, através da inclusão digital, trazer o gosto pela leitura. “Esse projeto, além da alfabetização, reúne ideias de diversas metodologias que foram estudadas e propostas para fazer essas mudanças. Nós conseguimos reuni-las, em uma forma adequada aos tempos atuais, com aquilo que as crianças de hoje têm interesse, têm satisfação em aprender. Eles gostam dos desenhos animados e esse é um recurso que permite ao professor uma série de facilidades, porque pode atender às diferenças individuais. Está nos nossos planos fazer a captação para que ele seja usado e acompanhado de forma que nenhuma criança fique de fora, que todas possam conviver e realmente obter resultados bons, interferir, pensar e saber utilizar a leitura e a escrita na sua vida”, ressaltou.
Ainda sobre a Revolução das Letras, a psicóloga contou que o projeto vem sendo estudado há muitos anos. “O projeto não surgiu de repente. Eu venho estudando isso desde sempre. Como professora que fui, percebi essas dificuldades de diferenças entre as crianças e, buscando sempre conseguir trazer soluções, ele foi evoluindo e já chegamos a aplicar em Poços um projeto-piloto. Nos deparamos com diversas dificuldades, que são da própria situação brasileira, de que a educação não recebe tudo que precisa para funcionar. Os professores muitas vezes não são capacitados, eles querem fazer, mas precisam de suporte, se desdobram em vários empregos para conseguir dar conta. O Revolução das Letras quer trazer o gosto pela leitura, a partir dessa identificação com crianças que estão buscando melhorar o seu mundo, o seu ambiente. As crianças vão utilizar a tecnologia sim, mas de uma forma favorável, não para se isolar, não para diminuir o exercício”, afirmou.
O vereador Antônio Carlos Pereira falou da importância do debate e dos temas abordados. “Solicitamos a realização dessa audiência após conhecer o trabalho da Dra. Luiza Helena e também cientes da importância de discutir a alfabetização inclusiva e digital. Tivemos a presença das secretárias municipais, que se colocaram à disposição para debater ações nesse sentido, e a Câmara também está de portas abertas para dar continuidade a esse assunto. A expectativa é que tenhamos desdobramentos positivos após esse encontro”, enfatizou.
Outros assuntos foram abordados durante audiência, entre eles a educação da sensibilidade, a inclusão não só da pessoa com deficiência, mas também a inclusão que envolve as classes sociais, e o analfabetismo funcional. O vídeo com todas as apresentações feitas está disponível no Portal da Câmara e na página do Legislativo no Youtube.