Câmara debate cumprimento da lei que criou Banco de Leite Materno em Poços
A Câmara de Poços promoveu, nesta semana, uma audiência pública com o tema “A importância do aleitamento materno e a implementação do Banco de Leite no município”. O encontro atendeu a um requerimento da vereadora Maria Cecília Opípari (PT), aprovado pelos demais vereadores.
Com a presença de profissionais da área da Saúde, mães em fase de amamentação dos filhos e comunidade em geral, foram discutidas questões envolvendo a importância do incentivo ao aleitamento materno e do cumprimento da Lei Municipal n. 8.726/2010, que autorizou a criação do Bando de Leite Materno em Poços de Caldas. Participaram do debate a coordenadora da Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde Camila Bacelar, a enfermeira e coordenadora da maternidade da Santa Casa Patrícia Pavesi, a socióloga e doula Daniela Roberta Antônio Rosa, a intensivista pediátrica Dra. Manoela de Hollanda Cavalcanti Borba, a relações públicas e ativista pelos direitos da mulher e da criança Beatriz Câmara e a cabo Leide Kelly Pizato, representando o 6º Comando Operacional de Bombeiros de Poços de Caldas.
Além dos profissionais que estiveram na mesa de debates, várias pessoas se inscreveram para uso da palavra durante a audiência e apresentaram considerações a respeito do tema. Foram pontuadas questões envolvendo a atuação da rede de educação infantil enquanto agente do desmame precoce, as dificuldades enfrentadas pelas mães que possuem muito leite e precisam jogar fora por não existir um Bando de Leite Materno na cidade, as dificuldades com relação à fase de amamentação e o apoio dos pais nesse período, a violação dos direitos das mulheres quando são impedidas de amamentar dentro das instituições públicas e a importância do Banco de Leite para os bebês que nascem prematuros.
A vereadora Maria Cecília, durante o encontro, lembrou das discussões a respeito do tema, enfatizando os requerimentos apresentados pelo vereador Álvaro Cagnani (PSDB) sobre o Banco de Leite Materno. Ela ressaltou que a audiência foi solicitada, também, atendendo a um pedido do grupo Círculo Materno. “É frustrante para o Poder Legislativo quando se aprovam leis e as mesmas não são efetivadas. O Banco de Leite tem que existir e a alimentação das crianças não pode ser substituída. Quero pedir às Secretarias de Saúde e de Educação que atuem para conscientização sobre a importância da amamentação”, declarou.
Beatriz Câmara, relações públicas e ativista pelos direitos da mulher e da criança, com ênfase em obstetrícia, aleitamento materno e maternidade consciente, destacou que a audiência contou com diversos pontos importantes, no entanto ela considera que falta ainda um nível de comprometimento quando se fala em amamentação. “É um assunto tão relevante, porque realmente pode impactar na saúde e na redução de gastos para o próprio município. A gente sabe que os benefícios da amamentação acontecem a curto, médio e longo prazo e não são restritos ao bebê, mas também se estendem às mães que amamentam. Vemos que as mães que amamentam têm menores índices de câncer de mama, de útero e, com relação aos bebês, inúmeros benefícios são citados e a ciência vem comprovando isso a cada dia”, disse.
Beatriz enfatizou que os relatos das diversas mães presentes na audiência mostram a necessidade de um Banco de Leite na cidade. “Foram inúmeros relatos recebidos de mães que dispensam o seu leite excedente na pia do banheiro, sendo que cada potinho de leite poderia contribuir com a alimentação de cerca de dez bebês na maternidade, na UTI da Santa Casa. Ouvimos o depoimento da representante do Corpo de Bombeiros dizendo que a corporação pode fazer esse trabalho de buscar o leite na casa da mãe doadora e levar até a Santa Casa, até o posto de coleta ou Banco de Leite. Isso quer dizer que temos uma rede de pessoas, temos mulheres dispostas a doar o seu leite materno, temos o Corpo de Bombeiros podendo auxiliar no transporte e não temos como fazer isso”, lamentou.
A coordenadora da Atenção Básica Camila Bacelar, representando a Secretaria de Saúde, disse que o primeiro passo será a implantação de um posto de coleta. Ela ressaltou que já existem um espaço e um projeto arquitetônico pronto no Hospital da Santa Casa e que o local não poderá realizar a pasteurização, mas sim a coleta do leite que será transportado para o Banco de Leite da cidade de Varginha. Com relação aos depoimentos da possibilidade de amamentação nos Centros de Educação Infantil, Camila ressaltou que é preciso estreitar uma discussão com a Educação para que tal fato não seja dificultador de todo o processo.
Para a vereadora Maria Cecília, o debate foi produtivo e gerou bons resultados. “Primeiro com relação a um encaminhamento do vereador Paulo Tadeu para que a gente possa propor mudanças no Plano Decenal de Educação, sugerindo uma ação de política pública a fim de que as creches recebam o leite materno. Essa foi uma das grandes reclamações das participantes. E também a notícia de que Poços vai receber, e a Santa Casa já está se preparando para isso, um posto de coleta do leite materno. Já é um primeiro passo a fim de que possamos instituir essa política pública tão importante”, concluiu.
O vídeo da audiência, com todas as exposições feitas, está disponível na página da Câmara no YouTube.