Audiência pública discute criação do Centro Secundário de Atendimento à Obesidade
Nesta semana, a Câmara de Poços realizou uma audiência pública com o tema “Criação do Centro Secundário de Atendimento à Obesidade”. O encontro foi proposto pela vereadora Regina Cioffi (PP), através de Requerimento (n. 1496/2021) aprovado em Plenário, com o objetivo principal de discutir a necessidade de ações constantes do poder público para o controle das taxas de obesidade.
Estiveram presentes a secretária adjunta de Saúde Rosilene de Oliveira Faria, a diretora de Controle e Avaliação da Secretaria Elisandra de Souza Pizzol e o médico gastroenterologista e cirurgião bariátrico Dr. Romeu José Nacarato. A psicóloga do Ambulatório Bariátrico da Santa Casa, Dra. Roberta Figueiredo, participou de forma remota dos debates. Além disso, acompanharam o evento alunos do 10º semestre do curso de Medicina da PUC-MG, campus Poços de Caldas, que atuam na Secretaria da Saúde.
A audiência teve início com a fala da vereadora que propôs a discussão do tema. Regina Cioffi reafirmou a importância do assunto. “Hoje, a obesidade é, com certeza, um grave problema de saúde pública por todas as suas consequências. Temos muitas crianças e adolescentes obesos, 33,9% das crianças de 9 até 12 anos já apresentam sinais de obesidade, então é um assunto que precisa ser discutido com seriedade. Além disso, sabemos as consequências acarretadas pela obesidade, hipertensão, doenças metabólicas, diabetes, câncer, infarto, AVC, entre outras. As estatísticas são preocupantes, 93,42% da população em sobrepeso e 34% em situação de obesidade no país. Precisamos aprimorar esse atendimento tão importante ”, pontuou.
A parlamentar explicou, ainda, a razão que motivou a audiência. “O foco principal dessa discussão é a questão do atendimento à Portaria nº 425/2013, do Ministério da Saúde, que estabelece toda regulamentação técnica para assistência de alta complexidade ao indivíduo com obesidade. Nós temos os PSFs como porta de entrada e o serviço de cirurgias bariátricas pela Santa Casa, mas falta um atendimento secundário, um serviço importantíssimo. Deve haver, no processo de tratamento à pessoa obesa, um Centro Secundário para o atendimento à obesidade. Até o presente momento não temos, o que causa muitos problemas e até mesmo cirurgias que poderiam ser evitadas caso fosse feito um tratamento”.
A secretária adjunta de Saúde Rosilene de Oliveira Faria parabenizou a Câmara por trazer o assunto para discussão e falou do trabalho da pasta referente ao tema. “Consta já no nosso Plano Municipal de Saúde a abertura desse ambulatório, inclusive começamos cogitar a possibilidade de iniciar a construção deste no período da pandemia, o que não foi possível por conta das dimensões. Existe a possibilidade de criação deste ambulatório sim, não é uma obra difícil de ser realizada, nós já temos espaço e equipe para tal. Ele virá para fazer a Atenção Básica e, a partir do período pós-operatório em que o paciente precisa ficar na instituição de Alta Complexidade, que seria de aproximadamente 18 meses, ele seria referenciado para o ambulatório de especialidades, acompanhado e, depois, retornaria para a Atenção Básica. Então, nós já temos um fluxo esquematizado e vamos tirar isso do papel o quanto antes, principalmente pelo número crescente de crianças e adultos obesos, algo que aumentou durante a pandemia, com o agravante de muitos obesos desnutridos”, destacou.
Durante a audiência, o cirurgião bariátrico Dr. Romeu José Nacarato também salientou a importância do tema, dizendo que o mundo vive uma crise relacionada à obesidade. “A obesidade é uma epidemia mundial e não temos condições financeiras, técnicas e recursos para resolver um problema que não pode ser solucionado apenas com a cirurgia. A Portaria Ministerial que instituiu o atendimento ao paciente obeso é muito eficaz, ela contempla atenção primária, feita através de PSFs, escolas, educação alimentar. Posteriormente, nós temos a linha de atenção secundária, àqueles pacientes elegíveis para um tratamento eventualmente cirúrgicos, o que requer que esses pacientes sejam encaminhados, atendidos através de uma equipe multidisciplinar, esclarecidos e encaminhados para um centro terciário, que é um serviço de cirurgia”, afirmou.
O médico citou, ainda, alguns dos grandes desafios relacionados ao tratamento de obesos. “A obesidade penaliza mais as classes econômicas inferiores, que não têm o devido acesso à informação e à uma dieta alimentar sadia. Além disso, depois que passa a ‘lua de mel’ da cirurgia, é quando as coisas começam a ficar difíceis, com os pacientes começando a desenvolver desnutrição, anemia, complicações, ficando dependentes de uma assistência médica. Então, a Atenção Secundária ou linha de cuidado é essencial e se trata de uma questão de organização. Poços de Caldas é uma referência regional nesse setor”, disse.
Após a fala dos membros da Mesa, os vereadores presentes fizeram observações e indagações relacionadas ao tema, tais como: os impactos da perda de parte da referência deste tipo de cirurgia para Itajubá; a atual fila de espera no SUS para cirurgias bariátricas; a atual demanda de tratamentos para obesidade; a viabilidade do controle de peso e estatura nas escolas passar a ser semestral; a necessidade de reajuste da tabela de cirurgias do SUS, entre outros pontos.
O vídeo da audiência pública está disponível na página da Câmara no YouTube.