Audiência discute condições das rodovias federais e estaduais que passam pelo município
Na última semana, a Câmara realizou uma audiência pública para discutir o tema “Situação atual das rodoviais federais e estaduais que passam pelo município”. O debate, que foi proposto pelo vereador Kleber Silva (NOVO), reuniu membros do poder público, dos órgãos responsáveis pelas vias e população em geral.
Participaram do debate o prefeito Sérgio Azevedo, o tenente da Polícia Militar Samuel Ferreira Mendes (representando o comandante do 29º BPM), o engenheiro da Secretaria Municipal de Projetos e Obras Públicas Paulo Roberto Rodrigues Milton, o 2º sargento da PM Gustavo Bastos de Miranda (representando a 18ª Cia. da Polícia Militar Rodoviária de Minas Gerais) e a secretária adjunta de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente Cibele Benjamin.
Kleber Silva, que propôs a audiência através de Requerimento aprovado em Plenário, disse que as intervenções que têm ocorrido em diversos trechos das rodovias federais e estaduais que passam pelo município não estão atendendo às expectativas da população. No início do evento, ele ressaltou a relevância do tema. “Hoje é um momento importantíssimo para nós, nessa audiência pública em que vamos tratar de um grande problema desta cidade, cidade esta que admiramos, mas que vem enfrentando dificuldades com várias rodoviais que têm apresentado problemas”.
Um dos assuntos mais abordados foi a situação da avenida Presidente Wenceslau Braz, na zona leste da cidade, que há tempos tem sido palco de vários acidentes, além de não atender à demanda de veículos que, atualmente, existem na cidade. “Eu fiz um levantamento dos últimos 10 anos e descobri que foram feitas 13 Moções aos órgãos específicos e 150 indicações de melhorias em várias rodovias. Dentre elas, destaco que 90% foram para a avenida Wenceslau Braz. A proporção é muito grande para um trecho curto”, ressaltou Kleber.
Ainda segundo o parlamentar, desde 2011 até o presente momento, houve um total de 617 acidentes na Wenceslau Braz. “Sendo que, no período de 30 de abril de 2021 a 30 de abril de 2022, o SAMU registrou um total de 101 acidentes no local, o que dá uma média de 8,5 acidentes por mês”, citou.
O prefeito Sérgio Azevedo ressaltou que, assim como no caso da avenida Alcoa e do trecho da avenida João Pinheiro, próximo à represa Bortolan, o Executivo estuda a municipalização da Wenceslau Braz. “Sabemos da dificuldade que todos têm e, realmente, precisa ser feita alguma coisa. Atravessamos um conflito de poderes, de responsabilidades, porque a população entende que a responsabilidade [da manutenção da Wenceslau Braz] é da Prefeitura, mas a Prefeitura não pode fazer nenhuma modificação ali, porque é uma rodovia federal. Enfim, fica uma dificuldade muito grande”, disse.
Sérgio lembrou de uma situação envolvendo a via. “Lembro que, em 2017, foi feita uma pavimentação nova naquele trecho da Wenceslau e, na época, solicitei que fizéssemos um trevo ali na região do Itamaraty V, mas este não pôde ser feito, porque não estava no contrato. Então, fui ver se a Prefeitura por si só poderia fazer a obra, mas também não poderia. Fica uma situação difícil naquela pista, que cada vez tem um movimento maior”, comentou o chefe do Executivo.
Um dos inscritos para se manifestar na Tribuna da audiência foi Antônio Carlos Silva, que compartilhou relatos e opiniões sobre o atual estado da Wenceslau Braz. “Eu sou empresário aqui em Poços há 30 anos e há uns 20 e poucos anos minha empresa está instalada na Wenceslau. Nesse espaço de tempo, aumentou muito o fluxo de carros na rodovia, até pelo surgimento de bairros na região, e alguns trechos estão inadequados. Onde minha empresa está, por exemplo, a via tem faixa contínua, mas se a Polícia Rodoviária resolver multar o pessoal que atravessa aquela avenida irregularmente, a quantidade de pessoas autuadas vai ser enorme”, afirmou.
Além das participações presenciais, acompanharam a audiência pelo formato remoto o superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) em Minas Gerais, Luiz Carlos Magalhães Guerra, o coordenador da 15ª Unidade Regional do DER/MG (Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais), engenheiro Fernando Antônio Carneiro Ferreira, e a assessora do Núcleo de Estruturação de Projetos, representando a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Mila Magalhães Ribeiro.
Luiz Carlos Guerra defendeu a ideia de municipalização da Wenceslau Braz e elogiou a decisão do poder público municipal neste assunto. “A municipalização está com a ideia afirmada e torcemos para que isso aconteça, porque a Wenceslau deixou de ser uma rodovia, é uma avenida urbana movimentada. O DNIT está completamente de acordo com isso e devemos continuar no diálogo para que as alterações necessárias antes da entrega sejam decididas em comum acordo. Esperamos que a negociação seja rápida, pela própria dedicação do poder público. O caso de Poços é interessante, porque em vários municípios nos deparamos com situações semelhantes, mas a decisão é sempre complicada por falta de intenção política. Mas vocês não. Vocês estão conscientes da necessidade dessa alteração”, comentou e o superintendente.
Fernando Antônio Ferreira fez uma breve introdução explicando a razão de algumas rodoviais serem estaduais e outras federais. Depois disso, o coordenador do DER apresentou um histórico de intervenções na Wenceslau Braz. “Nós duplicamos a via em 1997, quando executamos a parte final do contorno da Saturnino de Brito até a Polícia Rodoviária Federal, em parceria com a Prefeitura, que deu a área desimpedida [zona livre de obstáculos para a obra]. Naquela época, poucos bairros existiam do Jardim Primavera para frente, então o fluxo de veículos era atendido muito tranquilamente. Hoje, esse número de veículos deve ter ser cinco vezes superior”, disse.
Após as falas dos membros da Mesa, foi a vez dos vereadores apresentaram os questionamentos e sugestões envolvendo o assunto, entre elas: a solicitação de mais informações sobre a municipalização da Wenceslau Braz, das intervenções necessárias e seus valores; as diferenças entre a intervenção na estrutura da av. Alcoa (também federal), feita em 2007, e da Wenceslau Braz, que ainda não foi realizada e é uma demanda atual; a situação da avenida do Contorno, que não tem um acesso próximo aos bairros Quisisana e Centenário e tem um ponto de ônibus em uma localização inadequada, onde as pessoas têm que atravessar a avenida; a necessidade de alguma obra na avenida do Bortolan que possa dar mais segurança aos ciclistas; a construção de uma passarela elevada nas proximidades do supermercado Mart Minas; reforma no trevo do Cemitério do Parque; construção de uma rotatória em frente à Clínica de Radioterapia, próxima à Danone; órgão responsável pela estrada que liga a BR-146 às Industrias Nucleares do Brasil (INB), que está em mau estado; a importância de radares nos trevos de acesso ao bairro São Bento e à Unifenas; o andamento da obra para um trevo de acesso ao Conjunto Habitacional; a instalação de um trevo de acesso ao Residencial Greenville e de um radar na Avenida Mansur Frayha, em frente às lojas de automóveis localizadas na via.
Ao fim da reunião, a secretária adjunta de Planejamento Cibele Benjamin ressaltou a importância das demandas apresentadas. “Agradeço o convite e a oportunidade de participação. Reforço aos vereadores que nós levaremos todas as demandas citadas aqui hoje ao Poder Executivo Municipal, independente de ser competência do município, do Estado ou da União. O que estiver ao nosso alcance terá a solução buscada com muito empenho”.
O vídeo da audiência, com todos os dados apresentados, está disponível na página da Câmara no YouTube.